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sábado, 4 de junho de 2011

O ESPÍRITA DOIDÃO


                   
Segundo o francês Alan Kardec, o codificador do Espiritismo, esta é uma doutrina revelada pelos Espíritos superiores através de médiuns, ou seja, de pessoas que recebem e transmitem mensagens dos espíritos. 

Dentro do conceito Kardecista, o Espiritismo é, também, uma ciência porque estuda, à luz da razão e dentro de critérios científicos, os fenômenos mediúnicos, isto é, fenômenos provocados pelos espíritos e que não passam de fatos naturais. Segundo eles, não existe o sobrenatural no Espiritismo. Todos os fenômenos, mesmo os mais estranhos, têm explicação científica. São, portanto, de ordem natural.

Outro ponto de vista é que o Espiritismo se trata de uma filosofia porque, a partir dos fenômenos espíritas, dá uma interpretação da vida respondendo questões como “ de onde você veio”, “ o que faz você no mundo” e “para onde você vai depois da morte”. Para os Kardecistas, toda doutrina que dá uma interpretação de vida ou uma concepção própria do mundo é uma filosofia.

Dizem, também, que o Espiritismo é uma religião porque ele tem, por fim, a transformação moral do homem retomando os ensinamentos de Jesus Cristo para que sejam aplicados na vida diária de cada pessoa. Revive o Cristianismo na sua verdadeira expressão de amor e caridade.

O Espiritismo não é uma religião organizada dentro de uma estrutura como as demais religiões. É muito diferente. Não tem sacerdotes, nem pastores, nem chefes religiosos. Não tem igrejas suntuosas. E não têm batismo e casamentos, etc. Não tem ornamentação para cultos, nem gesto de reverência, nem benzeduras e nem defumadores. Não tem nada do que é encontrado nas igrejas tradicionais.
O Espiritismo, segundo os seus adeptos, procura reviver os ensinamentos de Jesus, na sua simplicidade e sinceridade, sem pompas, sem grandezas, pois, como Ele recomendou, Deus deve ser adorado em espírito e verdade.

Os espíritas pregam a imortalidade da alma, a reencarnação e a comunicabilidade dos espíritos, uma fé raciocinada, a lei da evolução e a lei moral.

Sintetizando, entendo que o Espiritismo de Alan Kardec deve ser muito bem estudado para uma conclusão tendo em vista tratar-se de um tema profundamente teórico.
Segundo Kardec, o vocábulo “Espiritismo” cabe à sua doutrina e esta não deve ser confundida com o "Espiritualismo".

Paralelamente, existem outros conceitos religiosos que defendem a imortalidade da alma, porém, através de um comportamento diferenciado, o que leva as pessoas, menos esclarecidas, a uma grande confusão e interpretação equivocada da doutrina, em virtude de algumas semelhanças:

A Umbanda, por exemplo, nasceu no Rio de Janeiro, após a codificação Kardecista. Supostamente derivada da cabula baiana, se tranformou em um sincretismo religioso sendo fracionada em diversos conceitos religiosos como Umbanda Branca, Umbanda Angolana, Umbanda Negra e Quimbanda dedicada à feitiçaria, macumbas etc.

Ocorre que, por se tratar de um tema muito complexo, essas instituições, que são diferenciadas, se misturam na percepção de cada um. Uns entendem as diferenças. Outros entendem pouco. E muitos não entendem nada. E assim, a cultura brasileira permite-se tratar por todos esses conceitos o vocábulo designado por Kardec, "ESPIRITISMO", não reconhecendo a diferença do conceito de sua doutrina do ESPIRITUALISMO.

Candeias tem uma casa espírita. É o Centro Espírita Bezerra de Menezes, situado na Rua João Caetano de Faria. Trata-se de uma instituição séria e administrada por pessoas sérias que prestam relevantes serviços espirituais aos candeenses que lá freqüentam e seguem religiosamente a codificação kardecista.

Mas, falando em Espiritismo, encontro, neste momento, numa das gavetas da minha memória, um fato antigo acontecido há muitos anos aqui, em Candeias.

Na Rua Aimorés, nos fundos do Cemitério São Francisco, quase que defronte a Rua Nicodemos Salviano, havia ali um Centro Espírita cujo nome era “Centro Espírita Coração de Jesus”. Era um espiritismo conturbado, desses que fazem o chamado sincretismo religioso misturando doutrinas heterogêneas.

As instituições religiosas têm, nos seus hábitos, buscar a integração maior de seus seguidores e de pessoas que de uma hora para outra aderem aos seus princípios. Na Igreja Católica, por exemplo, vemos pessoas serem convidadas para ler texto dos rituais da missa. Nas igrejas evangélicas, sempre se vê pessoas dar testemunho de algo importante que lhe tenha acontecido proveniente da sua fé.

No Espiritismo, comumente, são vistos os seus adeptos dar a sua palavra de fé, de esperança e de caridade. Leigos, pessoas da assistência e que ali estão ou com a intenção de ajudar alguém ou vão em busca de algo que lhes ajude. Normalmente, se apresentam espontaneamente e são convidados pelo presidente do Centro a participar do ritual.

Oriundo de terras nordestinas, vindo em busca de trabalho, nas lavouras candeenses, eis que aporta, em Candeias, numa curta temporada, o senhor Amadeu. Pessoa simples, de porte humilde, trazendo consigo a fé inabalável, aquela que permeia todas as suas crenças, com o irmão em Cristo.
Certo dia, o senhor Amadeu solicitou, ao Presidente do Centro, a possibilidade de dirigir a palavra aos presentes no que foi prontamente atendido. Após se postar a frente de todos, começou:

Meus irmãos, aqui presentes.
Isso aqui é uma casa de Deus.
Pra mim isso aqui num é lugar de cunversa fiada.
E é lugar de silêncio.
Esse povo que fica aí na porta, só falano coisa que não deve, tá errado.
A Bíblia fala que Jesus vai vortá, aqui, um dia desse.
Agora, eu pergunto procêis:
Se Ele chega aqui, agora, cume qui nóis fica com essa farta de respeito?
Assim, o que eu quero aqui é pedir para esses irmão cala o bico porque se Jesus chega aqui, hoje, nóis tá vai tá tudo fudido.

Desde então, ficou sendo conhecido como o Espírita Doidão.

Armando Melo de Castro
Candeias MG Casos e Acasos.





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